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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Internet e vídeolocadoras estão sendo invadidas por filmes pornográficos gays em que atores transam sem preservativo.

Classificados como “bareback” – expressão que significa “cavalgada sem sela” – esses filmes põem em risco a saúde dos atores e acendem a discussão sobre prevenção à Aids. A polêmica está lançada: o filme pornô pode influenciar a decisão dos espectadores quanto ao uso da camisinha?
O “bareback” surgiu nos anos 90, quando um grupo de americanos começou um movimento contra o uso da camisinha. O principal argumento era de que a prática do “bareback” seria um direito individual. Assim, as campanhas contra Aids intervinham no direito à livre escolha das pessoas.
Nos EUA, a indústria de filmes pornográficos ajuda na popularização dessa prática. No Brasil, ainda é raro a produção de filmes “bareback”. Enquanto isso, no mundo todo, a Aids continua atingindo mais e mais pessoas.
O preservativo é a única forma que temos de nos prevenir. A decisão é sua, mas é melhor não correr o risco!
Em sua edição de agosto de 2007, a revista gay americana Out publicou um artigo refletindo sobre a relação entre o pornô "bareback" e o aumento de casos de infecção pelo vírus HIV no mundo.
No artigo "Baring The Truth", o jornalista James Gavin faz uma conexão direta entre o boom e a proliferação do pornô gay bareback em várias partes do mundo, principalmente Estados Unidos e Europa, e a diminuição do uso de preservativos em relações gays no mundo real.
A matéria explica como o gênero de filmes surgiu e foi ganhando cada vez mais espaço após quase uma década de produções onde a camisinha se tornou constante quase obrigatória. Quase porque, em 1998, um casal HIV+ de Palm Springs, na Califórnia, começaria a filmar diversas orgias sem proteção e lançá-las através do selo Hot Desert Knights. O selo fez sucesso assombroso e outras produtoras resolveram deixar a camisinha de lado em algumas de suas produções.
A Out aponta que hoje, nove anos após os primeiros filmes da nova era bareback, diversos estudos comprovam que estes filmes correspondem a assustadores 30% do mercado pornô gay. Em sua maioria, os títulos tem aparência de semi-caseiros e trazem em seus castings protótipos de "pessoas comuns", modelos sem o apelo da beleza perfeita, interagindo com atores HIV positivos, profissão em alta dentro da indústria de agora.
A publicação ressalta também o número crescente de filmes onde jovens recém saídos do colegial transam impunemente sem proteção como se a Aids não existisse. Gavin, autor da matéria, elenca ainda as possíveis razões pelas quais o sexo gay sem proteção vem aumentando dentro e fora das telas. Entre elas, estão a evolução dos medicamentos que, conforme as palavras do personagem soropositivo da série "Nip/Tuck", fizeram o HIV parecer "a nova diabete"; o apogeu do crystal meth, droga que extermina qualquer inibição sexual; além, claro, do tema fetichista que divide a opinião dentro da indústria.
Enquanto figuras como o ex-ator pornô Will Clark afirmam que o estilo "reflete nossa necessidade de ser corajoso e desafiante", já que a identidade gay caiu no mainstream e no cotidiano, e defendem que os filmes são apenas uma "permissão para erotizar o que já está acontecendo", outras lendas são totalmente contra, como é o caso do célebre diretor cross-dresser Chi Chi LaRue, que afirma na matéria que na primeira vez que viu filmes bareback sentiu "choque, raiva e tristeza".
Entre dados, depoimentos e revelações contundentes, a matéria da Out busca explicar ou tentar trazer à tona o aumento do sexo gay sem proteção, investigando quem veio primeiro, os filmes ou a prática.

Fonte: Agência de Notícias da Aids, Movimento Gay de Minas e Mix Brasil