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sábado, 10 de novembro de 2007

HPV na boca aumenta chances de câncer

Apesar de já haver uma vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV), ainda não disponibilizada no sistema público de saúde brasileiro, e apesar de o vírus ser mais conhecido por sua relação com o câncer de colo de útero, cuidados e imunização devem ser considerados também por homens, já que estudos da Unifesp mostram intensa relação do HPV com o câncer de boca.
Uma pesquisa apresentada como tese de doutorado na Unifesp e publicada na edição deste mês de uma das mais conceituadas revistas sobre doenças da boca no mundo, a Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, mostra que o HPV está relacionado à maior parte dos casos de carcinoma espino-celular (CEC) da cavidade bucal.
De acordo com o autor da pesquisa, Carlos Eduardo Ribeiro da Silva, que é estomatologista do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unifesp e professor da Universidade Santo Amaro (Unisa), a mucosa da boca é muito semelhante às mucosas da vagina e do colo do útero, locais do corpo humano facilmente infectados pelo vírus durante as relações sexuais.
"Como a boca tem um papel na relação sexual tão importante quanto a região genital, é importante sabermos qual o vínculo entre a presença do vírus nesse local e as doenças malignas da boca, pois, quando diagnosticado precocemente, esse câncer é curável em 100% dos casos".
No estudo, que avaliou 60 amostras de mucosa da boca - sendo 50, de portadores do carcinoma já confirmados e, 10, de pacientes sem evidências clínicas de lesões (grupo controle) –, 37 dos portadores de câncer (74%) apresentaram resultado positivo para os papilomavírus oncogênicos, considerados os mais perigosos pela capacidade de desenvolverem tumores malignos.
Ná no grupo controle, apenas uma das amostras (10%) foi positiva para o vírus. Entretanto, o tipo encontrado, nesse caso, não provoca câncer. A análise estatística apontou um risco 25,5 vezes maior de os portadores de HPV na cavidade oral desenvolverem câncer.
Silva, que é cirurgião dentista especializado em estomatologia (doenças da boca) alerta que a pessoa infectada por HPV e também o seu parceiro devem ser acompanhados periodicamente por meio de exames clínicos e complementares para o diagnóstico precoce e tratamento, se necessário.
Todos os participantes da pesquisa eram do sexo masculino, com mais de 40 anos, brancos e fumantes. Características presentes no grupo considerado, estatisticamente, como de maior incidência dos cânceres bucais, segundo o dados de 2002 do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
HPV: maioria das infecções é transitória
Os Papilomavírus humanos (HPV) são vírus capazes de produzir lesões de pele ou mucosa e a principal via de transmissão é a sexual. Apesar de menos comum, é possível se infectar por outras vias, como a sangüínea, pelo canal do parto, pelo beijo e até mesmo por objetos contaminados.
Grande parte das infecções, entretanto, são transitórias, pois o sistema imunológico produz anticorpos capazes de inibir a ação do vírus, eliminando-o, principalmente entre os indivíduos mais jovens.
Vários estudos no mundo apontam que 10% a 40% da população sexualmente ativa estão infectados por um ou mais subtipos de HPV e que esse índice varia entre 50% e 80% nas mulheres. Atualmente, já são descritos mais de 200 subtipos de HPV, mas somente os subtipos de alto risco (chamados de oncogênicos) estão relacionados a tumores malignos, como no caso de câncer de colo de útero.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam que a prevalência de HPV nos casos de câncer de colo uterino no país seja de 94%.
Fonte: BR Press / Yahoo notícias