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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

PESQUISA REVELA QUE PESSOAS NÃO CONSIDERAM A AIDS FATAL

NOVA IORQUE (Reuters Health) – Em uma pesquisa divulgada na terça-feira, 13, realizada em nove países, mais de 40% das pessoas entrevistadas não considera a Aids uma doença fatal. A pesquisa realizada pelo MAC AIDS Fund, um braço filantrópico da Mac Cosmetics, uma empresa do grupo Estée Lauder, envolveu 4.510 entrevistas conduzidas nos Estados Unidos, Rússia, França, China, Índia, México, BRASIL e África do Sul. A divulgação dos resultados coincide com um encontro da diretoria do Fundo e antecipa o Dia Mundial de Combate à Aids, 1° de dezembro. “A força da pesquisa consiste no seu foco exclusivo em questões relacionadas à Aids, a sua abrangência de cobrir nove países e o fato de que ela coloca perguntas francas e específicas numa época na qual precisamos de respostas francas e específicas para aumentar a eficácia de nossa resposta global à pandemia", declarou Nancy Mahon, diretora executiva do MAC AIDS Fund. Enquanto a maioria dos entrevistados acreditam que a Aids é sempre uma doença fatal, muitos acreditam erroneamente que existe uma cura disponível para a infecção pelo HIV. Por exemplo, 59% dos indianos acreditam que há cura para a doença. Na França, adultos mais velhos têm uma propensão maior que os mais jovens em acreditar na cura. Nos Estados Unidos, os afro-americanos acreditam mais na cura do que os brancos.“Da minha perspectiva, a descoberta geral mais importante é que nós não fizemos um trabalho bom o suficiente de informar as pessoas sobre o HIV – os fatos e a realidade”, afirmou a diretora dos programas de HIV/Aids da prefeitura de Oakland, Califórnia, Dra. Marsha Martin. “Quando as pessoas acreditam que a doença não é fatal e que há cura, é porque nós não as conscientizamos bem”, disse ela. Muitas pessoas também possuem conceitos equivocados sobre a disponibilidade dos tratamentos de Aids, segundo a pesquisa. Quase 50% dos entrevistados acham que a maioria dos pacientes infectados pelo HIV estava recebendo tratamento, quando, na realidade cerca de 1 em cada 5 pacientes recebem tratamento, de acordo com dados de 2006. No entanto, a escolaridade parece ajudar: no Reino Unido, pessoas com maior grau de escolaridade têm uma maior probabilidade em acreditar que a maioria das pessoas portadoras do HIV continuam sem tratamento, se comparadas àquelas que não fizeram um curso superior. Os resultados também destacam o preconceito, o medo e o estigma que cercam a Aids. Acima de tudo, quase metade dos entrevistados disse que se sentia incomodado em caminhar perto de uma pessoa infectada pelo HIV, 52% respondeu não querer viver na mesma casa com um soropositivo e 79% afirmou não querer se relacionar afetivamente com um portador do vírus. “A mensagem mais importante para aqueles que fornecem serviços é que eles têm que servir como modelo em suas interações com indivíduos que estão em risco de se infectar ou são infectados pelo HIV. Este é um longo caminho para reduzir o estigma”, ressaltou a presidente do Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres, Dra. Geeta Rao Gupta. A questão de gênero e a dificuldade em discutir práticas de sexo seguro são as causas “chave” da pandemia, indica a pesquisa. Por exemplo, 73% dos entrevistados acredita que a proliferação do HIV é estimulada, em parte, por mulheres que não se sentem à vontade em discutir práticas de sexo seguro com seus parceiros. “Os resultados desta pesquisa, juntamente com o recente fracasso do mais promissor estudo de vacina contra a Aids, mostram que nós não iremos encontrar a cura ou uma vacina para esta pandemia tão cedo”, enfatizou Mahon. “Todos nós, particularmente na comunidade de financiadores, precisamos redobrar nossos esforços e recursos e focar em programas básicos e eficazes de prevenção que contemplem as diferenças de gênero, raça e idade de uma maneira culturalmente competente”, acrescentou. (por Anthony J. Brown, médico)
Fonte: Agência Reuters, Reino Unido