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domingo, 25 de maio de 2008

SP DISTRIBUIU 1,5 MILHÃO DE PRESERVATIVOS NA PARADA GAY

O Programa Municipal de DST/Aids, da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, distribuiu 1,5 milhão de preservativos durante a 12ª Parada GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), realizada hoje. Cerca de 300 técnicos e agentes de prevenção em DST/Aids fizeram a entrega dos preservativos. Cinco tendas foram instaladas pelo Programa Municipal de São Paulo ao longo da Avenida Paulista para dar suporte à atividade, que já se tornou uma tradição no evento.

A Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, considerada a maior do mundo, contabilizou pelo menos 3,5 milhões de participantes neste ano. O evento, organizado pela Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (APOGLBT), tornou-se um espaço privilegiado de defesa da diversidade sexual e para o estabelecimento de uma aliança estratégica e novas parcerias entre programas governamentais de DST/Aids, movimento homossexual e movimento de luta contra a Aids. Em 2008, o tema da Parada GLBT de São Paulo é “Homofobia mata! Por um Estado laico de fato".

sábado, 24 de maio de 2008

RISCO DE AIDS ENTRE OS HOMOSSEXUAIS AINDA É 11 VEZES MAIOR

USE CAMISINHA!

1982: É identificado o primeiro caso de Aids no Brasil.
1983: Morre em Nova York o estilista mineiro Markito, 31 anos, primeira pessoa pública do país a morrer por causa da Aids.

Naquele início dos anos 80, a doença era chamada de 'câncer' gay e muita gente tinha receio de apertar a mão de homossexuais e pegar a doença.
2008: Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 33,2 milhões de pessoas no mundo vivem hoje com o vírus HIV. Por dia, 6.800 pessoas são infectadas e 5.700 morrem por causa da doença.
Há muito caiu o preconceito. Houve o que a comunidade médica classifica como desomossexualização da doença.
Mas, ainda assim, os gays representam ainda 30% dos doentes em tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Brasil, estima-se que 620 mil pessoas vivem com o HIV. Segundo dados do Grupo Pela Vidda, 180 mil pessoas fazem atualmente tratamento para controle da doença.
- O avanço da medicina e a disponibilidade de medicamentos na rede pública tornaram a Aids uma doença crônica, como a diabetes ou a hepatite. Ela já não é mais associada à morte, diz Mario Scheffer, doutor em medicina preventiva e integrante do Grupo Pela Vida.
Há, porém, a outra face da moeda. Segundo a avaliação de Scheffer, na medida em que a Aids deixou de ser uma doença associada a grupos de risco, se alastrando entre os heterossexuais, houve na sociedade um certo grau de negligenciamento da epidemia entre os homossexuais.
Os mais velhos, que viram amigos morrer vítimas da doença, mantêm a preocupação com o uso constante de preservativos nas relações sexuais. Entre os mais jovens, há um certo relaxamento.
- O conceito de grupo de risco foi eliminado na década de 90. Ao mesmo tempo em que serviu para acabar com o preconceito, teve o efeito de afastar os homossexuais da prevenção. Houve paralisação e redução das ações e campanhas voltadas para este público inclusive pelas ONGs, que tiveram papel fundamental na mobilização da década de 80, afirma Scheffer.
O resultado é um recrudescimento da doença entre os mais jovens. Enquanto entre os homossexuais com mais de 30 anos há uma redução da taxa de incidência, a Aids aumentou no público adolescente e jovem.
O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revela o aumento. Em 1996, 24% dos homossexuais com Aids tinham entre 13 e 24 anos. Em 2006, este percentual pulou para 41%. Na faixa etária de 25 a 29 anos, variou de 26% para 37% no período.
A Aids é um problema de saúde pública que afeta a todos, indistintamente, mas não se pode deixar de alertar que os homossexuais são 11 vezes mais vulneráveis à doença do que os heterossexuais.
- A incidência da Aids no público homossexual é de 226,5 casos para cada 100 mil, 11 vezes mais do que a taxa da população em geral, que é de 19,5 casos por 100 mil habitantes, explica Eduardo Barbosa, diretor-adjunto do Programa DST/Aids do governo federal.
O vírus da Aids não escolhe sexo ou lugar para atacar.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a Aids está presente em 86% das cidades brasileiras, mas é nos grandes centros que a maior parte dos casos se concentram. A capital paulista responde, sozinha, por 25% dos casos de todo o país.
- A grande história hoje é como voltar a priorizar a prevenção para este publico sem permitir que retome o preconceito, explica Scheffer.
Até quando o sistema será capaz de bancar o custo do tratamento da Aids?
Esta é a pergunta que se faz o médico Mário Scheffer. Hoje, o Ministério da Saúde desembolsa R$ 1,4 bilhão por ano para tratar de seus 180 mil doentes.
No total, 18 medicamentos que compõem os coquetéis destinados ao tratamento da Aids estão disponíveis na rede pública de saúde. Destes, apenas oito são fabricados no país.
Os demais são protegidos por patentes. No ano passado, pela primeira vez, o Brasil quebrou a patente do Efavirenz , um dos retrovirais usados no coquetel anti-aids.
Até 1996, as alternativas de medicamentos eram poucas e apenas a oferta do AZT era garantida. Agora, os doentes podem contar com medicamentos muito mais potentes.
- A Aids se tornou uma doença de caráter crônico. Tem cada vez mais pacientes dependendo do tratamento e com expectativa de vida maior. É um sério problema de saúde pública, diz Scheffer.
Eduardo Barbosa, do Ministério da Saúde, afirma que a quebra de patentes não é o único caminho e que o país caminha para aumentar a produção local, o que barateia custos. Além disso, assegura, as negociações de preços têm avançado.
Reconhecido pela ampla cobertura no tratamento dos doentes, o Brasil ainda registra por dia 30 mortes pela doença.
- É como se um ônibus lotado caísse em um precipício todo dia sem que se torne notícia, afirma Scheffer.
Assim como ocorre com doenças como a tuberculose, a Aids tem como divisor de águas a pobreza. Nada menos do que 43% das pessoas com Aids chegam tardiamente ao serviço de saúde.
Poucos fazem o teste para para saber se é HIV positivo. Sem ele, os soropotivos não conseguem se beneficiar desde cedo pela modernidade do tratamento. Sem ele, correm o risco de transmitir a doença.

terça-feira, 20 de maio de 2008

MAIS DE 50% DOS JOVENS GAYS ABREM MÃO DA CAMISINHA POR CAUSA DO PARCEIRO, DIZ PESQUISA

Uma pesquisa da organização não-governamental Arco-íris, do Rio de Janeiro, mostrou que 51,6% dos jovens gays, entre 14 e 29 anos, abrem mão da camisinha pelo menos em alguma situação em que há dificuldade de negociar o uso do preservativo. O estudo “Juventude Gay, Comportamento e Aids” ouviu 150 pessoas e foi realizado no final de 2007.

Segundo o Ministério de Saúde, no início do ano, a coordenação Nacional de DST/Aids apontou o aumento dos casos de Aids nesse grupo ao lançar o Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre Gays, Travestis e HSH (homens que fazem sexo com homens, mas que não se assumem como homossexuais). Dos infectados por HIV, na faixa etária entre 13 e 19 anos, os gays, os HSH e os travestis correspondiam a 40% dessa população, em 2005. Em 1999, essa parcela era de 18%.

Os números foram divulgados um dia antes da abertura da 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas GLBT do Rio, que aconteceu nesta sexta-feira (16) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Na ocasião, a diretora do Departamento de Apoio à Gestão Participativa, Ana Maria Costa, apresenta o documento Saúde da População GLBT, que propõe sensibilizar os profissionais de saúde para as questões de gênero.

Campanha contra a Aids

Em março, o Ministério da Saúde lançou um plano específico de enfrentamento da aids entre gays e travestis. Segundo o Ministério, as medidas tentam atender a antigas reivindicações de organizações não-governamentais (ONGs) e barrar uma tendência preocupante: o aumento de casos da infecção entre homossexuais jovens.
Foram feitos cem mil cartazes adesivos e 500 mil impressos especialmente para o público gay, distribuídos em locais como saunas e bares.

Fonte: Site G1

sábado, 17 de maio de 2008

TRAVESTIS INSULTADOS POR TORCEDORES NO MARACANÃ NO DIA DA LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

Um grupo de torcedores, que comprava ingressos no Maracanã para o jogo entre Fluminense e São Paulo, agrediu verbalmente participantes da 1a Conferência de Políticas Públicas para Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT), no Rio de Janeiro. Os xingamentos foram disparados quando eles passavam perto da bilheteria nº. 8 e se dirigiam ao restaurante popular do Estádio do Maracanã para almoçar.
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Carlos Eduardo Pinheiro, de 23 anos, morador de Saracuruna, bairro de Duque de Caxias, bem exaltado, dirigiu-se com mais agressividade a dois travestis, Kakau Ferreira (Flávio Ferreira dos Santos Rodrigues), 23, e Andréa Brazil (André Luiz da Costa Silva), 35. Entre os xingamentos desferidos estavam "travas", "travecos", "viados", "putonas" e "Ronaldinho não está aqui", uma alusão ao recente caso envolvendo o atacante do Milan. Indignadas com a situação, as agredidas recorreram a uma dupla de policiais que fazia a segurança do local e o agressor foi detido.
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"Eu atravessava a calçada do Maracanã e comentava o quanto estava feliz, porque tenho alunos e alunos de todas as idades, entre eles, evangélicos. Todos nos tratam muito bem. Decidimos registrar a queixa como ato simbólico, porque justamente hoje discutíamos políticas públicas contra a homofobia. Homofobia tem que ser entendida como crime", justificou Kakau, que é professora de telemarketing.
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Antes de os envolvidos terem sido encaminhados à delegacia, houve uma discussão pública entre os participantes da conferência que almoçavam no estádio. A alternativa ventilada era de o agressor pedir desculpas a Kakau e Andréa em voz alta no restaurante e ainda caminhar pela fila da bilheteria do Maracanã portando a bandeira do arco-íris. A decisão foi quase unânime. Carlos Eduardo foi encaminhado para a 18ºDP, na Praça da Bandeira, Centro do Rio, onde foi feito o registro da agressão.
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Se condenado, o agressor pode ter de cumprir pena alternativa, como o pagamento de cestas básicas ou prestação de serviços comunitários.



1) Andréa Brasil caminha na frente do policial e de Carlos Eduardo, acompanhados por outros participantes da conferência
2) O registro da 18ª Delegacia Policial
3) Ativista repreende o rapaz, sendo observada pelo policial e outros
4) A travesti Andréa Brasil
5) A travesti Kakau Ferreira

Fotos: Jornal O Sexo

sexta-feira, 16 de maio de 2008

GOVERNO DO RJ ANUNCIA CRIAÇÃO DO DISQUE-HOMOFOBIA

Benedita escreve a frase "Com nossas diferenças, manifestamos o nosso amor"
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O governo do estado do Rio de Janeiro anunciou, na tarde de hoje, a criação do disque-homofobia em meados de julho deste ano, como declarou a secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Benedita da Silva. Benedita esteve presente na 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas para GLBT do Rio de Janeiro, representando o governador Sérgio Cabral, no Teatro Odylo Costa Filho, no campus da Uerj, Zona Norte da cidade. Segundo ela, o governo federal está criando uma política de combate à discriminação. “Nosso carro-chefe é construir um centro de referência para criar políticas voltadas para esse público. Em meados de julho instalaremos o disque-homofobia, que será um serviço de ouvidoria para atender o público GLS”, informou. Outra proposta foi a criação de um serviço de apoio a homossexuais dentro da universidade, sugerida pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), como garantiu o presidente da conferência e superintendente de Direitos Individuais, Cláudio Nascimento.

Luzes e cores iluminam a abertura do evento

Iluminado com as cores do arco-íris, o hall de entrada inaugurou a conferência que irá até o dia 18 de maio, e está sendo promovida pelo governo do estado. O objetivo é criar um plano estadual para promover a cidadania e os direitos dos GLBT, além de definir estratégias de implantação do programa “Rio sem homofobia”. Uma das convidadas da mesa de abertura foi a diretora de gestão participativa do Ministério da Saúde, Ana Maria Costa. Segundo ela, o comitê permitiu identificar as necessidades dos GLS. “Os homossexuais estão mais vulneráveis a doenças. Deve haver um acompanhamento desse público, como a importância do uso da camisinha, a não utilização excessiva de silicone, entre outras coisas,” disse.

O diretor social do grupo Arco-íris, Júlio Moreira, afirmou que o Rio de Janeiro tem avançado bastante em relação a homofobia, mas que ainda há muito o que ser feito, como por exemplo nas delegacias.

"Não há no Rio uma delegacia gay, o estado precisa qualificar os profissionais para que eles recebam os homossexuais de forma adequada, sem discriminação," afirmou.

Fonte: Site G1
Fotos: Livia Torres/G1

quarta-feira, 14 de maio de 2008

1ª CONFERÊNCIA ESTADUAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS GLBT DO RIO DE JANEIRO



O Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, realizará a 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas para GLBT do Rio de Janeiro, de 16 a 18 de maio, na cidade do Rio de Janeiro. A conferência acontecerá no Teatro Odylo Costa Filho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e nas instalações da própria universidade (R. São Francisco Xavier, 524, Maracanã).

Os objetivos da 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas para GLBT do Rio de Janeiro são: (1) discutir e propor as diretrizes para a implementação de políticas públicas e o Plano Nacional e Estadual de promoção da cidadania e direitos humanos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (GLBT), (2) avaliar e propor estratégias para implantar o Programa Estadual “Rio Sem Homofobia”, (3) avaliar e propor estratégias para fortalecer o Programa “Brasil Sem Homofobia” e (4) eleger os delegados/as do Estado do Rio de Janeiro para Conferência Nacional.

A 1ª Conferência Estadual de Políticas Públicas para GLBT do Estado do Rio de Janeiro será presidida pela Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos que poderá fornecer maiores informações. Para isso, entre em contato com a Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, nos telefones (21) 2299-5391 e 2299-5402 ou e-mail conferenciaglbtrio2008@gmail.com.

Os organizadores contam com a participação da sociedade civil organizada e dos entes municipais e estaduais do Poder Público na Conferência Estadual, colaborando assim na construção de políticas públicas de direitos humanos e de combate à discriminação e à violência contra GLBT.

A Programação da conferência inclui:

16/5 - 16h30min - Cerimônia de abertura, com a presença do Governador Sérgio Cabral Flho, da Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Benedita da Silva, do Reitor da Uerj, Ricardo Vieira Alves, do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Jose Carlos Murta Ribeiro, do Secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, da Vice-Presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, Yone Lindgren, do Presidente da Conferência Estadual GLBT / Superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, de Cláudio Nascimento, entre outros.

16/5 - 18h30min - Painel Panorama Nacional - "Políticas Públicas para GLBT"
16/5 - 20h00min - Programa Cultural - Show com a cantora Leila Maria
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17/5 - 09h30min - Painel Panorama Nacional - "Discriminações e Violência contra GLBT"
17/5 - 11h45min - Encontros Satélites - "Saúde e Prevenção para Lésbicas e Transexuais"
"Mídia e Aids", "Mídia e Homossexualidade", "Pesquisa Profilaxia Pré-Exposição ao HIV para HSH de Alto Risco", com o Dr. Jorge Eurico Ribeiro, Infectologista e Pesquisador - Fiocruz/RJ, e Sessões de Videos, entre outros
17/5 - 13h30min - "Ato pelo Dia Mundial de Combate à Homofobia"
17/5 - 16h30min - Lançamento Estadual do "Plano Nacional de Enfrentamento do HIV/Aids junto a Gays, Outros HSH e Travestis" e da "Campanha Nacional de Prevenção às DST/HIV/Aids junto à População de Gays e Outros HSH" - Show com a transformista Lorna Washington
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18/5 - 09h00min - Grupos de Discussão de propostas do texto base da Conferência Estadual
18/5 - 13h00min - Programa Cultural - Filme: "Eu, Travesti" (Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro - ASTRA-Rio)
18/5 - 16h30min - Programa Cultural - Show com a transformista Magali Penélope
18/5 - 18h00min - Cerimônia de Encerramento - Programa Cultural - Pocket Show com a cantora Elza Ribeiro.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

METADE DOS DOADORES DE SANGUE COM HIV MENTEM NA TRIAGEM, DESTACA ‘FOLHA ONLINE’


Metade dos doadores de sangue diagnosticados com HIV mentiu na entrevista de triagem anterior à coleta, prosseguindo com a doação. Esta é uma das constatações feitas por pesquisa de César de Almeida Neto, defendida como tese na Faculdade de Medicina da USP.

A pesquisa, realizada entre 1999 e 2003, mostra que 48,9% dos doadores infectados sequer teriam feito a coleta do sangue, caso não houvessem omitido informações durante a entrevista. Almeida Neto trabalha na Fundação Pró-Sangue, onde é chefe do Departamento de Notificações e Orientação de Doadores com Sorologias Alteradas. "Após a confirmação do diagnóstico, quando o resultado dava positivo, muitas vezes a nova entrevista realizada não batia com o que fora falado na triagem".

Para Almeida Neto, as omissões na triagem podem significar uma falta de credibilidade da entrevista como ferramenta de seleção de doadores. "Alguns doadores podem achar a triagem preconceituosa e sem embasamento, o que não acontece".

Para o pesquisador, a triagem, se bem aplicada, diminui os riscos de transmissão, não só do HIV, como também de outros agentes de doenças. Entre os homens, foram comprovados como fatores de risco para o HIV as relações sexuais com outros homens, as relações sexuais em troca de dinheiro e ter tido relações sexuais com duas ou mais parceiras nos últimos 12 meses.

Almeida Neto também acredita numa relação entre o HIV e as drogas injetáveis, mesmo que nas entrevistas isso não tenha destaque. "Mesmo entre usuários de drogas, existe um preconceito em assumir o uso de drogas injetáveis, fazendo a pessoa negar o uso mesmo na entrevista pós-diagnóstico. No entanto, foi constatada uma relação forte entre a presença do HIV e a sorologia positiva para Hepatite C, bastante comum entre esses usuários."

Entre as mulheres, no entanto, os fatores de risco para o HIV não eram propriamente delas, mas de seus parceiros sexuais. Mulheres com parceiros usuários de drogas injetáveis e parceiros que tiveram cinco ou mais parceiras nos últimos 12 meses correm mais riscos de apresentar HIV positivo. "No caso das mulheres, foram propostas triagens direcionadas ao comportamento também de seus parceiros", explica.

Mudanças no perfil

Para o pesquisador, é importante manter uma triagem atualizada no que diz respeito às doenças, em especial à aids: "O perfil da pessoa com o HIV mudou bastante desde a epidemia dos anos 1980. Atualmente o perfil dos infectados inclui muito mais mulheres, pessoas de baixa renda e do interior, e a triagem precisa considerar estas mudanças."

Outra doença que o médico considera negligenciada pelas campanhas de saúde e pelos meios de comunicação é a sífilis. A pesquisa mostra uma mudança também no perfil dos portadores de sífilis. "A sífilis pregressa é característica de pessoas mais velhas, heterossexuais, que tinham o hábito de freqüentar zonas de prostituição. Hoje, os novos casos de sífilis são em pessoas novas, em geral homo ou bissexuais", esclarece o pesquisador.

Existe ainda uma relação entre a sífilis contraída recentemente e a infecção pelo vírus da aids. A pesquisa de Almeida Neto mostrou que um portador de sífilis recente tem 40 vezes mais chance de ser também um portador do HIV, quando comparado aos portadores de sífilis pregressa. "Houve uma mudança de comportamento das pessoas, uma mudança social, e isso se reflete no rol de doadores."

Diagnóstico

Os testes aplicados no sangue de doadores no Brasil são capazes de identificar a infecção pelo HIV a partir de quatro a oito semanas após o contágio. Almeida Neto afirma que o exame é confiável, mas faz um apelo: "As pessoas que estiverem com alguma suspeita em relação à sua saúde não devem ir ao banco de sangue com o propósito de fazer um 'exame de aids'. Para isso existem os Centros de Testagem e Aconselhamento, que realizam exames gratuitamente e entregam os resultados mais rápido que os bancos".

Fonte: Folha Online

Centros de Testagem e Aconselhamento ( CTA )

É muito importante você saber se tem o vírus da Aids (HIV). Quanto mais cedo se começa o tratamento, melhor. O teste é gratuito, pode ser feito nos serviços de saúde pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), onde você pode buscar orientação e esclarecer suas dúvidas.

RIO DE JANEIRO
CTA Rocha Maia Hospital Municipal Rocha Maia Rua General Severiano, 81- BotafogoTel.: (21) 295-2295 / 2295-2095 R-234
CTA Madureira - Unidade Integrada de Saúde Herculano Pinheiro Av. Ministro Edgar Romero, 276 B Tel.: (21) 3390-0180 R-235
CTA Hospital Escola São Francisco de Assis -HESFA Av. Presidente Vargas, 2863 Praça Onze Tel.: (21) 2293-2255/273-9073
CTA Hospital Gafrée e Guinle Rua Mariz e Barros, 775 – Tijuca Tel.: (21) 2264-4118/2568-4244
NITERÓI
Praça Vital Brasil S/NTel.: (21)2610-8975/2711-2366
DUQUE DE CAXIAS
Rua General Argolo, S/NTel.: (21) 2671-7659 ramal 221
NOVA IGUAÇU
PAM - Posto de Assistência Médica Vasco Barcelos Rua Bernardino De Mello, 1895 Tel.: (21) 2768-5921
SÃO JOÃO DE MERITI
Centro de Saúde Anibal Viriato de Azevedo Rua Pastor Joaquim Rosa, S/N - Vilar dos TellesTel.: (21) 3755-5525
MACAÉ
Rua Velho Campos, 354 – CentroTel.: (22) 2765-4459
VOLTA REDONDA
Rua Governador Luiz Monteiro, 282 – AterradoTel.: (24) 3345-1666 Ramal 236
CAMPOS
Rua Conselheiro Otaviano, 241Tel.: (22) 2733-3335/2733-0088
SÃO GONÇALO
Rua João Pereira Dias, s/nºTel.: (21) 2624-5756
MESQUITA
Rua Paraná, 557 – Centro Telefone: (21) 2797-9242
ITABORAÍ
Policlínica de Especialidades
Rua Prefeito Álvaro Pinto, s/nº Tel.: (21) 2635-2062

quinta-feira, 1 de maio de 2008

PORTADOR DE HIV INICIA TRATAMENTO QUANDO SAÚDE JÁ ESTÁ DEBILITADA


Apesar do acesso amplo a exames e remédios, 43,7% dos pacientes com Aids no Brasil descobrem ser portadores da doença e iniciam o tratamento quando a saúde já está bastante debilitada. A demora para o início da terapia se reflete nas estatísticas de mortalidade: 28,7% deles morreram no primeiro ano depois da confirmação da infecção. "É um índice inaceitável", disse a coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão, acrescentando que a porcentagem de detecção tardia "merece reflexão da estratégia usada para diagnóstico da doença".

Relatório brasileiro enviado à Assembléia-Geral das Nações Unidas em HIV/Aids mostra que o risco de morte do paciente com início tardio de tratamento é 22 vezes maior do que das pessoas que começam a terapia no tempo oportuno. Dos pacientes que começaram o tratamento e morreram entre 2003 e 2006, a maioria (94%) era de pacientes tardios - que já apresentam deficiências severas e sintomas.

Para Mariangela Simão, uma das formas de melhorar o acesso aos exames é a ampliação da oferta de testes rápidos para detectar a Aids. Ela lembra que, embora a oferta do teste tenha aumentado 140% de 2005 para cá, há ainda resistência nos serviços públicos para o uso desses kits. Mariangela admite que, no primeiro estágio, parte dos testes perdeu validade nos estoques, sem ser usada. "Hoje não perdemos mais testes", garantiu.

Mariangela defende, porém, que os testes rápidos devem ficar restritos aos serviços de saúde. "É preciso colher o sangue do paciente e para isso é preciso um profissional habilitado."

O pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e um dos colaboradores do documento brasileiro, Alexandre Grangeiro, disse que "é chegado o momento de se pensar em estratégias mais agressivas para oferta dos exames de detecção do HIV". Para ele, é preciso não só intensificar campanhas que mostram a importância sobre o diagnóstico como também ampliar a oferta dos postos de testagem gratuita. Ele defende, por exemplo, a realização de exames em Organizações Não-Governamentais de prevenção de Aids. "Uma ação semelhante à que foi realizada com oferta de preservativos."

Os índices brasileiros de tratamento tardio não diferem muito dos de países desenvolvidos. "Isso não significa que devamos ficar inertes. Temos muito a melhorar", afirmou Mariangela. O risco do início do tratamento tardio varia de acordo com a idade, sexo e região do paciente.
Lígia Formenti - Agência Estado [24/04/2008]