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quinta-feira, 31 de julho de 2008

AIDS CRESCE NA CHINA E INDONÉSIA MAS MELHORA NA ÁFRICA, DIZ RELATÓRIO DA ONU

O número de novos casos de contaminação pelo vírus HIV caiu ligeiramente no mundo, em 2007, de acordo com um relatório divulgado na terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para HIV e AIDS (Unaids). Pelo segundo ano consecutivo, caiu também o número de mortos pela epidemia: dois milhões de pessoas em todo o planeta. Mas a notícia ainda está longe de ser considerada boa. De acordo com o órgão, é preciso intensificar a luta contra a epidemia, que atinge 33 milhões de pessoas em todo o mundo - sendo dois milhões de crianças com menos de 15 anos.
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"Os avanços distribuem-se de forma desigual,
e o futuro da epidemia continua a ser incerto"
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Segundo estimativa feita pelo órgão, 2,7 milhões de novos casos da doença surgiram no planeta, o equivalente a quase 7.400 novas infecções por dia. A África subsaariana ainda é, de longe, o maior foco de infecção do planeta com 67% dos casos e 72% das mortes provocadas pela doença. Mas o números melhoraram ligeiramente na região, ondem vivem 90% das crianças contaminadas pelo HIV em todo o mundo.
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"Um aumento de seis vezes no montante gasto com os programa de combate ao HIV em países de baixa e média renda, entre 2001 e 2007, começa a render frutos", afirmou o relatório. "Os avanços, no entanto, distribuem-se de forma desigual, e o futuro da epidemia continua a ser incerto, chamando atenção para a necessidade de intensificar as ações para avançar rumo ao acesso universal à prevenção, ao tratamento, ao cuidado e ao apoio quando se trata do HIV", disse o documento, lançado antes de uma conferência internacional sobre a Aids a ser realizada de 3 a 8 de agosto, na Cidade do México. O Blog Saúde & Sexo estará presente à conferência.
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Mas a Aids ainda cresce em países como a China, a Indonésia, o Quênia, Moçambique, Papua Nova Guiné, a Rússia, a Ucrânia e o Vietnã. As contaminações pelo HIV também estão aumentando em países como a Alemanha, a Grã-Bretanha e a Austrália.
"Os avanços na preservação de vidas ao evitar novas contaminações e fornecer tratamento para os portadores do HIV devem ser mantidos no longo prazo", disse em um comunicado o diretor-executivo do Unaids, Peter Piot. "Os ganhos de curto prazo devem servir de plataforma para revigorar os esforços que combinam prevenção e tratamento e não para alimentar qualquer tipo de complacência." O relatório veio a público cinco dias depois de o Congresso dos EUA ter aprovado uma grande ampliação do programa de combate à Aids e a outras doenças na África e em outras partes do mundo. A medida agora precisa ser sancionada pelo presidente americano, George W. Bush.

Na América Latina, a estimativa do órgão é de que 140 mil novos casos de infecções com o vírus surgiram no ano passado, elevando a 1,7 milhão o número de soropositivos no subcontinente. Cerca de 63 mil pessoas morreram por doenças decorrentes da Aids no ano passado, na região, onde a transmissão do vírus ocorre principalmente em homens que fazem sexo com outros homens, garotos e garotas de programa e (em menor extensão) usuários de drogas injetáveis.

No Brasil, falta de prevenção e tratamento na Amazônia e no sertão

Na divulgação do relatório, o Ministério da Saúde estimou que 600 mil pessoas viviam com HIV no Brasil em 2007, das quais 180 mil já desenvolveram os sintomas e estão em tratamento com remédios anti-retrovirais. O Brasil registra 30 mil novos casos por ano, sendo cerca de um terço deles na população de 15 a 24 anos. Por ano, morrem 11 mil pessoas no país em decorrência da doença. A incidência da doença é estável no Brasil nesta década. A taxa de novas infecções pelo HIV caiu em vários países, mas essa queda foi contrabalançada globalmente pelo crescimento de novas infecções em outras regiões.

O coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, disse que há avanços na situação mundial, mas enfatizou que é preciso garantir o acesso universal dos portadores do HIV a tratamento, assim como oferecer testes em larga escala. Ele disse que o uso de preservativos é a melhor saída para prevenir a doença e acrescentou que o Brasil serve de exemplo para o mundo.

A AIDS EM NÚMEROS

Número total de infectados por região:
África subsaariana : 22 milhões
Africa do Norte e Oriente Médio : 380 mil (sendo 320 mil só no Sudão)
Ásia do Sul e do Sudeste : 4,2 milhões
Ásia do leste : 740 mil
América Latina : 1,7 milhão
Caribe : 230 mil
América do Norte : 1,2 milhão
Europa Ocidental e Central : 730 mil
Europa Oriental e Ásia Central : 1,5 milhão
Oceânia : 74 mil
Novas infecções pelo HIV em 2007:
África subsaariana : 1,9 millhão
África do Norte e Oriente Médio : 40 mil
Ásia do Sul e do Sudeste : 330 mil
Ásia do Leste : 52 mil
América Latina : 140 mil
Caribe : 20 mil
América do Norte : 54 mil
Europa Ocidental e Central : 27 mil
Europa Oriental e Ásia Central : 110 mil
Oceânia : 13 mil

Fonte: O Globo Online / Agências Internacionais

quinta-feira, 24 de julho de 2008

NÚMERO DE JOVENS GAYS MASCULINOS COM HIV CRESCE 70,5%

Entre a população de 13 a 19 anos, há 10 mulheres infectadas para cada 6 rapazes portadores de HIV

O número de jovens homo e bissexuais masculinos com HIV no País aumentou 70,5% em uma década, revelou o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Em 1996, homossexuais e bissexuais masculinos representavam 24,1% do total de casos da doença entre 13 e 24 anos. Em 2006, a proporção saltou para 41,1% dos casos na mesma faixa etária. Entre heterossexuais, a proporção também aumentou neste período, mas numa velocidade menor, 51,6%.
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O documento mostra ainda que, entre jovens, o grupo feminino está mais vulnerável à epidemia. Na faixa etária de 13 a 19 anos, há hoje dez mulheres infectadas para cada seis homens. Algo bem diferente do que ocorria em 1985, quando eram contabilizados 14 casos no grupo masculino para cada caso feminino.
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As duas tendências preocupantes reveladas pelo boletim têm em sua origem um problema comum: dificuldade no acesso a serviços de saúde e resistências culturais. “Meninas sentem-se inibidas em recorrer a postos de coleta de preservativos. O mesmo ocorre com jovens gays, que temem a discriminação”, afirmou a coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão. No caso de jovens gays, há um problema adicional, vivido também na Alemanha e em alguns estados americanos. Esta geração cresceu longe do horror que a doença provocava no início da epidemia. Agora, a aids é vista como um problema crônico, o que, em parte, acaba abrindo brechas para que a prevenção seja mais “frouxa”.
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Diante da tendência registrada entre bissexuais homens e homossexuais, o Programa Nacional de DST-Aids, em conjunto com a sociedade civil, desenvolveu um conjunto de ações. A estratégia tem como principal objetivo reduzir a homofobia entre grupos de jovens, ampliar a consciência sobre a necessidade de proteção e do uso de preservativos. Entre homossexuais e bissexuais de faixas etárias mais altas, o número de casos novos está caindo. Justamente por isso, a média de casos de aids entre homo/bissexuais mantém-se estável.
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EM QUEDA - O boletim aponta ainda uma tendência de queda no número de casos de aids no Brasil. Em 2006, foram registrados 32.628 casos novos da infecção. Em 2002, haviam sido notificados 38.816 novos pacientes. “Mas é cedo para falar que o número de casos está caindo. Para isso, precisamos esperar pelo menos mais dois anos”, afirmou.
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A cautela se explica. A epidemia hoje está pulverizada pelo País, 86% dos municípios brasileiros têm casos registrados da doença. “Com a interiorização, há maior risco de a notificação dos casos ser mais lenta”, observou. A análise dos dados mostra que o número de casos da doença permanece estável nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já nas regiões Norte e Nordeste, a epidemia apresenta um ritmo crescente.
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A diferença também é notada nas taxas de mortalidade. Regiões Norte e Nordeste apresentam números mais elevados. Para Mariangela, isso demonstra deficiências nos sistemas de saúde dessas duas regiões. “É preciso melhorar principalmente o diagnóstico precoce e o início do tratamento”, observou. O trabalho mostra, por exemplo que 13,9% dos indivíduos diagnosticados com aids no Norte morreram um ano depois da descoberta da doença. No Sudeste, 95% das pessoas com aids continuam vivas cinco anos depois do diagnóstico.
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O documento também indica a redução dos casos da doença entre usuários de drogas injetáveis. Para Mariangela, essa redução é fruto da combinação de três fatores: eficácia do programa de redução de danos - que distribui seringas para usuários -, a morte de parte dos pacientes dependentes de drogas injetáveis e, também, a mudança do perfil do uso de drogas no País. “O uso de crack agora é muito mais intenso do que o de drogas injetáveis”, observa.
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Atualmente, a aids atinge 0,5% da população brasileira entre 15 e 49 anos. Apesar da distribuição de medicamentos anti-retrovirais, as taxas de mortalidade são estáveis: 5,1 por 100 mil habitantes. “A terapia aumenta a expectativa de vida dos pacientes. Mas aqueles que já estão em tratamento há mais tempo podem apresentar resistência aos remédios”, explicou.
Por: Ligia Tormenti
Fonte: O Estado de São Paulo

quinta-feira, 17 de julho de 2008

JOVENS GAYS NÃO PROCURAM MÉDICO POR MEDO DE PRECONCEITO

O medo do preconceito e da discriminação faz com que os adolescentes gays de São Paulo evitem ao máximo procurar unidades estaduais de saúde para acompanhamento médico. Pelo menos é o que aponta pesquisa da Secretaria da Saúde realizada em maio com jovens que participaram da Parada do Orgulho – , Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Transexuais (LGBT), em São Paulo.
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Durante o evento, foram entrevistados 576 adolescentes menores de 20 anos, dos quais 527 se declararam lésbicas, gays, bissexuais, travestis ou transexuais. Desse total, apenas 41% disseram procurar assistência médica em locais considerados apropriados, como postos de saúde, clínicas ou hospitais. Já a maioria dos que buscam assistência, informou que a procura normalmente para casos urgentes e não participa de acompanhamento regular.
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Dos entrevistados, 82% avaliaram os serviços de saúde como inadequados e excludentes. Disseram que gostariam de ser atendidos nos serviços sem sofrer preconceito. “Os adolescentes gays se sentem retraídos e resistem a buscar acompanhamento médico e psicológico em unidades de saúde. A rede precisa acolhê-los ao invés de inibi-los, pois a vulnerabilidade pode fazer com que o jovem adote comportamentos de risco”, afirma a coordenadora de Saúde do Adolescente de São Paulo, Albertina Duarte Takiuti.
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Política pública – A Secretaria da Saúde está desenvolvendo programa específico para atendimento de adolescentes LGBT em todo o Estado de São Paulo. O objetivo da iniciativa é preparar a rede para abordar o adolescente para que fique à vontade quando falar sobre sua conduta sexual ou afetiva, deixando de lado medos e vulnerabilidades que possam levá-lo a comportamentos de risco, como o sexo sem preservativo ou abuso de drogas e álcool, por exemplo.
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Para isso, será realizada uma ampla capacitação de profissionais de saúde. A relação de confiança com os médicos também será fundamental para que o jovem relate qualquer problema de saúde que possa estar ligado à opção sexual, evitando o agravamento da doença. Na Casa do Adolescente de Pinheiros, serviço oferecido pela pasta da Saúde, os profissionais já são orientados a fazer uma abordagem diferenciada, que não intimide o jovem.
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Uma das recomendações, por exemplo, é para que em vez de perguntar se o adolescente tem namorado ou namorada, indagar se está saindo com alguém ou “como vão os amores”. “Queremos trabalhar a auto-estima desse cidadão, assim como suas emoções e projetos pessoais, fatores determinantes do estilo de vida, que pode ser saudável ou não”, assegura Albertina Duarte.
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Levantamento informal realizado na Casa do Adolescente constata que 10% dos jovens atendidos mensalmente na unidade têm conduta LGBT. Para Albertina, o número pode ser maior, pois muitos ainda escondem esta informação, por medo do preconceito. “Normalmente o adolescente assume sua condição após pelo menos três consultas”, informa.

Fonte: Secretaria da Saúde de São Paulo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

ANTI-RETROVIRAIS TRANSFORMAM AIDS EM DOENÇA CRÔNICA

WASHINGTON (AFP) — O grupo de soropositivos registrou um recuo bastante significativo em sua taxa de mortalidade, que seria comparável ao do restante da população, nos cinco anos que se seguem a sua infecção pelo vírus da Aids, desde o início dos tratamentos com anti-retrovirais, em 1996.
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De acordo com um estudo divulgado no Journal of the American Medical Association (Jama), nos países industrializados, as pessoas que se tornaram soropositivas em conseqüência de contato sexual parecem ter um risco de mortalidade similar ao da população em geral nos cinco primeiros anos após a infecção. Seu risco de falecer cresce, porém, depois desse período, afirmam os autores do trabalho.
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Vários estudos relataram a baixa espetacular da mortalidade entre as pessoas infectadas pelo vírus HIV desde a entrada, no mercado, em 1996, de terapias anti-retrovirais eficazes nos países industrializados.
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Um grupo de pesquisadores, liderado pelo Dr Krishnan Bhaskaran, do "Medical Research Council Clinical Trials Unit", em Londres, analisou a evolução da mortalidade de 16.534 soropositivos comparativamente à da população em geral não-infectada, entre 1981 e 2006.
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Nesse grupo de soropositivos observados por 6,3 anos (em média) após o início de sua infecção, a taxa de mortalidade excessiva em relação ao percentual normal para mil pessoas/ano (o número de pessoas no estudo multiplicado pelo número de anos de acompanhamento por indivíduo) era de 40,8/mil, antes do surgimento das terapias anti-retrovirais em 1996.
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Depois, essa taxa de mortalidade diminuiu a cada ano até chegar a 6,1 (em mil) em 2004-2006, ou seja, um índice comparável ao de pessoas não-infectadas.