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sábado, 17 de maio de 2008

TRAVESTIS INSULTADOS POR TORCEDORES NO MARACANÃ NO DIA DA LUTA CONTRA A HOMOFOBIA

Um grupo de torcedores, que comprava ingressos no Maracanã para o jogo entre Fluminense e São Paulo, agrediu verbalmente participantes da 1a Conferência de Políticas Públicas para Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT), no Rio de Janeiro. Os xingamentos foram disparados quando eles passavam perto da bilheteria nº. 8 e se dirigiam ao restaurante popular do Estádio do Maracanã para almoçar.
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Carlos Eduardo Pinheiro, de 23 anos, morador de Saracuruna, bairro de Duque de Caxias, bem exaltado, dirigiu-se com mais agressividade a dois travestis, Kakau Ferreira (Flávio Ferreira dos Santos Rodrigues), 23, e Andréa Brazil (André Luiz da Costa Silva), 35. Entre os xingamentos desferidos estavam "travas", "travecos", "viados", "putonas" e "Ronaldinho não está aqui", uma alusão ao recente caso envolvendo o atacante do Milan. Indignadas com a situação, as agredidas recorreram a uma dupla de policiais que fazia a segurança do local e o agressor foi detido.
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"Eu atravessava a calçada do Maracanã e comentava o quanto estava feliz, porque tenho alunos e alunos de todas as idades, entre eles, evangélicos. Todos nos tratam muito bem. Decidimos registrar a queixa como ato simbólico, porque justamente hoje discutíamos políticas públicas contra a homofobia. Homofobia tem que ser entendida como crime", justificou Kakau, que é professora de telemarketing.
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Antes de os envolvidos terem sido encaminhados à delegacia, houve uma discussão pública entre os participantes da conferência que almoçavam no estádio. A alternativa ventilada era de o agressor pedir desculpas a Kakau e Andréa em voz alta no restaurante e ainda caminhar pela fila da bilheteria do Maracanã portando a bandeira do arco-íris. A decisão foi quase unânime. Carlos Eduardo foi encaminhado para a 18ºDP, na Praça da Bandeira, Centro do Rio, onde foi feito o registro da agressão.
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Se condenado, o agressor pode ter de cumprir pena alternativa, como o pagamento de cestas básicas ou prestação de serviços comunitários.



1) Andréa Brasil caminha na frente do policial e de Carlos Eduardo, acompanhados por outros participantes da conferência
2) O registro da 18ª Delegacia Policial
3) Ativista repreende o rapaz, sendo observada pelo policial e outros
4) A travesti Andréa Brasil
5) A travesti Kakau Ferreira

Fotos: Jornal O Sexo